Dissertação Mestrado ou Tese de Doutorado: Vícios Linguísticos

A redação da dissertação de mestrado é um grande ponto de atenção para os estudantes e pesquisadores de mestrado. O trabalho é científico e de caráter formal e impessoal, mas ainda assim os mestrandos cometem muitos erros em relação à linguagem que deve ser utilizada.

São vícios linguísticos e de estilo que muitas vezes passam despercebidos, mas que na hora de avaliar a dissertação não deixam de contribuir para a nota final de seu trabalho. Foi pensando em ajudar os mestrandos a identificar os possíveis vícios linguísticos e erros em relação à redação que nós escrevemos este post.

Aqui você vai entender quais são os erros mais comuns do ponto de vista da redação. Ao final do texto, você vai estar mais bem preparado para fazer uma boa revisão e corrigir qualquer inadequação linguística em sua dissertação.

Erros comuns de linguagem em um dissertação de mestrado

Aqui vamos entender 6 problemas básicos que você deve evitar na sua redação. É sempre bom lembrarmos que a dissertação é um trabalho que será lido por outras pessoas, nesse sentido, o ideal é que o texto seja o mais claro e objetivo possível.

Quanto mais fácil de ser compreendido, melhor para a sua avaliação. O objetivo da dissertação é apresentar o resultado de todo um processo de pesquisa de forma clara, não é objetivo dela fazer com que o leitor fique quebrando a cabeça para decifrar o que você quis dizer.

1  – Uso de pronomes pessoais

Como já destacamos em outros textos, a linguagem oficial dos trabalhos científicos é formal e impessoal. Isto significa que frases como:

  • “Ao final do trabalho, eu decidi mudar a estratégia para poder….”
  • “Durante a pesquisa em conjunto com o laboratório de biomecânica, eles nos disseram ..”

Os pronomes pessoais não são a melhor forma de se expressar em um trabalho científico como a dissertação. Nas frases acima, a forma mais correta de se expressar seria:

  • “Ao final do trabalho, decidiu-se/foi decidido mudar a estratégia para poder….”
  • “Durante a pesquisa em conjunto com o laboratório de biomecânica, nos foi informado/foi informado que…”

Evite sempre de usar pronomes pessoais e utilize formas impessoais de comunicação.

2 – Uso de linguagem subjetiva

Trabalhos científicos, destacadamente na área de ciências exatas e biológicas, não devem utilizar linguagem subjetiva. O trabalho deve ser objetivo e claro. Isto significa que passagens como o exemplo abaixo devem ser evitadas:

  • Considero que o resultado é positivo pois….”
  • Na minha opinião, a pesquisa mostra que…”

Ora, você está fazendo um trabalho científico, não é hora de expressar opiniões ou considerações sobre os resultados e pesquisa. Você deve ser objetivo e afirmativo em relação aos resultados. O resultado não é positivo ou negativo por que você assim o considera, ele é positivo ou negativo por que as evidências e os seus dados de pesquisa mostram isso.

3 – Uso de termos evasivos e tempo verbal incorreto

O utilização de linguagem indireta e evasiva significa que o autor está evitando de fazer afirmações ou ser objetivo, deixando o texto aberto para discussão. Pode ser que em algum momento isto seja necessário, mas em geral, a dissertação deve ser um trabalho no qual as dados são apresentados de forma afirmativa e direta.

Por exemplo:

  • “Pelos dados obtidos, vê-se que o protótipo funciona relativamente bem…”
  • “Assim sendo, poderíamos afirmar que….”
  • “Com base nos resultados, parece que o veículo funciona melhor nas situações…”

Na dissertação não é hora de dizer que os dados “parecem bons”, mas sim dizer se eles são bons ou não. Não é hora de dizer que você “poderia” afirmar algo, ou você pode afirmar ou não, e caso haja alguma incerteza, especifique essa incerteza.

4 – Uso de termos pouco comuns e pedantes

Uma outra armadilha que muitos estudantes acabam caindo é a de usar termos e palavras difíceis para tentar demonstrar profundidade e conhecimento. Na maioria das vezes esse tipo de tentativa acaba soando pedante e fica fora de contexto.

Novamente ressaltamos, a dissertação, por mais profunda e difícil que seja o tema, tem que ter linguagem clara e objetiva. Não é objetivo do mestrando apresentar um texto incompreensível ou que seja difícil de digerir. O texto vai ser lido por outras pessoas, e é do interesse tanto do mestrando como dos outros estudantes que tudo seja compreendido de forma correta e fácil.

Quanto mais complicada for a sua escrita, maiores são as chances de que as pessoas te interpretem de forma errada ou simplesmente joguem a toalha e desistam de entender a sua dissertação.

Não há nenhuma necessidade de usar palavras complicadas apenas para ostentar algum conhecimento a mais. Seja simples e direto. Quanto mais objetividade melhor.

5 – Uso de linguagem obscura

Esse item está alinhado com o anterior. Muitas pessoas usam frases muito extensas, com várias variações linguísticas e adornos estilísticos. A dissertação não é um texto que tem a necessidade de ser bonito ou ter um “estilo de autor”. É claro que cada um escreve de um jeito, mas via de regra, a dissertação é um texto que deve ser claro e simples, objetivo e direto ao ponto.

Firulas linguísticas, textos repetitivos e textos que não tem conexão com o assunto pesquisado não devem ser utilizados na dissertação. Quanto mais obscura e complicada for a sua linguagem, maior a probabilidade de seus examinadores te entenderem errado ou simplesmente perderem a paciência para entender tudo.

6 – Textos prolixos

No mundo das dissertações, tamanho não é documento. Dissertações com textos enormes e prolixos, além de serem desnecessárias, não representam nenhum tipo de vantagem em relação a textos enxutos e diretos.

Na verdade, é preferível trabalhos enxutos e com muita concentração de conhecimento do que trabalhos longos e cansativos que acabam sendo repetitivos e com pouca densidade de informações relevantes.

Considerações finais

Os problemas de linguagem são muito comuns em dissertações. Fique atento para que o seu trabalho não tenha os vícios que você acabou de conhecer. Em resumo, faça um texto objetivo e direto. Não use pronomes pessoais e sempre seja afirmativo. Na hora de explicações, não seja prolixo e nem use parágrafos ou firulas desnecessárias, deixe o texto enxuto e vá direto ao ponto.

Quanto mais obscuro e complicado de entender o seu texto for, maiores são as chances de que as pessoas não vão entender tudo como você espera. De forma geral, se esforce por ser bem compreendido e ter um texto claro e compreensivo. A sua banca examinadora e seus futuros leitores agradecerão!